A hidrografia de Moçambique


As principais bacias hidrográficas de Moçambique

Moçambique dispõe de muitos rios, que se localizam ao longo do território nacional, apresentando diferenças no seu comportamento influenciado pelas condições climáticas e morfológicas, fundamentalmente.

Bacia do Rovuma (101.160 km²)
É irrigada pelo rio Rovuma que nasce no planalto de Ungone na República Unida da Tanzânia, os 650 km são percorridos no território nacional no sentido, Oeste–Este, desaguando em Estuário no Oceano Índico junto ao distrito de Palma, Província de Cabo Delgado.
O seu regime é constante, alimenta-se da água da chuva, bem como, dos seus afluentes: rios Lugenda, Messinge e Lucheringo.

Bacia de Lúrio (60.800 km²)
O Rio Lúrio nasce no monte Malema em Nampula até a sua foz no Índico onde termina em estuário depois de percorrer 1.000 km contemplando também as províncias do Niassa e Cabo Delgado. O seu regime é periódico e conta com os afluentes, rios: Lalaua e Moataze.

Bacia do Zambeze (820 km² em Moçambique)
O rio Zambeze nasce na Zâmbia a 30 km da fronteira com Angola. A sua área total é de 1.390.000 km² é também partilhada entre: Angola, Namíbia, Malawi e Botswana.
Nas zonas montanhosas e planálticas apresenta cataratas (quedas de água) como são os casos de Quedas Victória (Victory Fall’s) com cerca de 1708 m de extensão e uma queda de 99 m, Chavuma Fall’s e Ngonye Fall’s.
O rio Zambeze possui um elevado potencial hidroeléctrico, e, é sobre ele que se construíram as barragens de Cahora-Bassa, na província de Tete e de Kariba entre Zimbabwe e Zâmbia. O rio Zambeze tem um comprimento de 830 km na parte moçambicana, do seu total de 2.700 km e desagua em forma de um delta no oceano Índico em Chinde, província da Zambézia. O seu regime é constante
e os afluentes são Chire, Aruângua e Luenha (Bila, 2013).

Bacia de Búzi (28.800 km²sendo, 25.600 km² em Moçambique)
O rio Búzi nasce no Zimbabwe, atravessa Manica e Sofala até Índico, percorrendo a mesma distância de 320 km, na bacia de Búzi, localiza-se o rio Revué onde se encontra a Barragem de Chicamba Real na província de Manica.

Bacia de Púnguè (29.500 km²)
O Rio Púngue nasce no Zimbabwe, atravessa Manica e Sofala num percurso de 322 km até a sua foz no Oceano Índico; O seu regime é periódico.

Bacia de Save (22.575 km²)
O rio Save nasce no Zimbabwe e tem a sua foz no Índico, percorrendo 330 km, atravessando uma vasta planície, separando as províncias de Manica e Sofala (Centro), Gaza e Inhambane (Sul) e desagua em forma de estuário no oceano Índico em de Nova Mambone, possuindo regime periódico.

Bacia de Limpopo (80.000 km²)
O rio Limpopo nasce na África do Sul, percorrendo 1.170 km, dos quais, 600km em Moçambique. Ela é partilhada ainda pelo Zimbabwe e termina no Indico na zona de Xai-Xai. Possui como afluente principal, o rio dos Elefantes onde se localizam as barragens: de Massingir e de Macarretane.

Bacia de Incomáti (46.200 k km², sendo 14.925 km² em Moçambique)
O Rio Incomáti nasce na África do Sul e desagua no Oceano Indico, depois de um percurso de 280km . O rio Sábie é o seu afluente, sobre o qual, ergueu-se a barragem de Corumana, no Distrito de Moamba, província do Maputo.

Bacia de Umbelúzi (2.240 km² em Moçambique, dos 5.460 km² do seu total)
O rio Umbelúzi nasce na Suazilândia e entra em Moçambique através do posto administrativo de Goba. É sobre ele que foi erguida a barragem dos Pequenos Libombos, de salientar que as suas águas abastecem as cidades de Maputo e Matola.

Bacia do Maputo (1.570 km²)
O rio Maputo nascendo no Kwazulu-Natal na África do Sul na confluência entre os rios Phongolo Ngwavuma e Suthu percorre 150 km no território moçambicano até a baia de Maputo onde desaguam em estuário.

Principais lagos, e águas subterrâneas

Os principais lagos
Lago - é a acumulação permanente de águas numa depressão fechada de terreno. A natureza, ou seja, a origem dos lagos é diversificada, como podemos reparar:

Lagos naturais (estes podem ser de origem interna ou externa)
Os lagos de origem interna- são aqueles que resultam dos movimentos internos da terra (vulcões, movimentos tectónicos e sismos) que têm provocado fracturas ou desabamentos de blocos. Ex: Lagos: Niassa, Chiúta, Amaramba e Chirua. Os de origem externa são aqueles que resultam da acção dos agentes externos (vento e acção erosiva da água). Ex: Lagos: Massave, Quíssico, Poolela, Nhambavale e Bilene.
Lagos artificiais- são aqueles que resultam da acção consciente do Homem, e são chamados de barragens ou albufeiras. Ex: Cahora-Bassa, Chicamba Real, Massingir, Corumana e Pequenos Libombos.
Lagos
Província de localização
Niassa (o maior do país)
Niassa
Amaramba
Niassa
Chirua
Tete
Chiúta
Tete
Massave
Inhambane
Quíssico
Inhambane
Nhambavale
Gaza
Bilene
Gaza
Zitundo
Maputo
Cahora- Bassa (a maior do
país)
Tete
Chicamba Real
Manica
Massingir
Gaza
Pequenos Libombos
Maputo
Corumana
Maputo
Tab.1: Lagos naturais e artificiais de Moçambique (alguns exemplos de muitos que existem)

Fig.1: Rio com meandros, delta do rio e barragem

Águas subterrâneas
Resultam da infiltração das águas das chuvas nos solos permeáveis até atingir as rochas impermeáveis, formando deste modo, um rio subterrâneo ou toalha freática, vulgarmente conhecida por lençol de água. Estas águas estão em constante circulação interna e caso encontrem fissuras nas rochas podem aflorar à superfície e formar nascentes. (Bila,2013: 63)

A nascente pode ser de água fria ou quente, e caso se trate deste último caso, têm-se as chamadas águas termais, são águas de maior valor medicinal e localizam-se nas províncias de Tete (Zumbo). Zambézia (Lugela, Namacurra e Pebane) e Niassa (Metangula).
As nascentes de água mineral mais conhecidas e consumidas ocorrem nas províncias de Nampula (Ribaué), Manica (Vumba), Maputo (Namaacha e Goba), etc.

Características gerais dos rios de Moçambique e importâncias das águas dos rios e lagos

As características gerais dos rios de Moçambique
O comportamento dos rios moçambicanos é influenciado por vários factores de natureza diversa e distinta, como por exemplo: a própria situação geográfica do país, a disposição do relevo, a cobertura vegetal, o clima, o solo e a acção do Homem.
Assim, podemos destacar, como suas características gerais:
- amaioria nas regiões altas dos países vizinhos do interland (interior);
- a maioria têm uma orientação (sentido) Oeste para Este;
- desaguam no Oceano Índico em forma de estuário ou delta;
- a maioria é de regime periódico;
- os da região Sul são de planície, e ao longo do seu percurso meandram o terreno e o seu leito corre em vales abertos em caleira, o que favorece a rápida evaporação das suas águas;
- na zona Sul verifica-se que eles possuem capacidade erosiva, fraco potencial hidroeléctrico e forte hidroagrícola;
- os rios do Centro e Norte, por serem das zonas predominantemente de planaltos e montanhas os seus leitos são encaixados em vales profundos de tipo“ V ”? e se apresentam rápidos, em quedas/ cascatas, o que lhes reduz a navegabilidade;
- nas regiões Centro e Norte do país, os rios têm maior capacidade erosiva e um elevado potencial hidroeléctrico.

Importância socioeconómica dos rios e lagos

A importância socioeconómica e cultural das águas dos rios e lagos reside no facto de:
- Os rios fornecerem água para o consumo doméstico, industrial e para a irrigação de campos agrícolas;
- servirem de via de transporte e comunicação;
- servirem para a construção de barragens hidroeléctricas e de irrigação agrícola;
- usam-se para a prática de desporto, navegação, pesca, turismo, agricultura, etc.
- nos lagos salgados pode-se extrair sal;
- alguns rios e lagos constituem lugares para práticas de cultos ou crenças.


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