Do Reino Monera ao Reino Plantae

Reino Monera: os seres procariotas

Ao Reino Monera pertencem organismos muito simples, unicelulares. Os organismos que exibem esta organização celular denominam-se seres procariotas. É comum encontrar-se a designação «prokaryota», que significa «organismos com núcleo primitivo». Podem ser organismos autotróficos ou heterotróficos, vivendo isolados ou sob a forma de colônias.

Principais diferenças entre células procariotas e células eucariotas
Todos os seres conhecidos na Terra podem ser divididos em dois grandes grupos: seres procariotas e seres eucariotas. A principal distinção está na sua organização celular.
Fig.1 Célula procariota e célula eucariota.

Célula procariota
    þ  De pequeno diâmetro, entre 0,5-5 mícrons.
    þ  Parede celular rígida, constituída por polissacarídeos com aminoácidos.
    þ  Sem membrana nuclear, nem nucléolos. O material nuclear encontra-se em contacto directo com o citoplasma e forma o nucleóide.
    þ  Poucos organelos, todos amembranares (ribossomas).
    þ  Sem cloroplastos. A fotos síntese, quando ocorre, tem lugar em lamelas fotossintéticas.
   þ Organelos locomotores muito simples e amembranares, em continuidade com a superfície da célula.

Célula eucariota
   þ  De maiores dimensões. Cerca de 40 mícrors de diâmetro.
   þ  Parede celular rígida presente nas plantas celulose) e nos fungos (quitina).
   þ  Presença de um núcleo (com membrana nuclear) verdadeiro com um ou mais nucléolos.
 þ  Diversos organelos citopIasmáticos como mitocôndrias. retículo, complexo de Golgi e mitocôndrias.
 þ  Quando realizam fotossíntese (plantas), esta ocorre em cloroplastos com uma estrutura membrana- complexa.
  þ  Organelos locomotores (cílios, flagelos) complexos na continuidade da membrana celular.
Fig. 2 Cultura de bactérias em caixa de Petri

Algumas evidências evolutivas demonstram que os organismos procariotas primitivos representam os ancestrais de todas as formas de vida conhecidas na Terra. Os vestígios mais antigos remontam a cerca de 3800 milhões de anos.
Apesar da simplicidade da sua organização celular, os representantes do Reino Monera demonstram um grande potencial biológico, podendo ser encontrados em todos os tipos de ambientes, sejam terrestres, aquáticos ou aéreos. Os representantes deste reino podem inclusivamente suportar temperaturas extremas, quer negativas, quer positivas (é o caso das termobactérias). Os procariotas superam em número todos os restantes grupos taxonómicos.

Ramos do Reino Monera
O Reino Monera divide-se em dois ramos distintos:
   Ü  divisão Schizomycophyta ou Eubacteria - que compreende as bactérias;
 Ü divisão Cyanophyta - que compreende as «algas azuis», denominadas cianofíceas ou cianobactérias.
 Fig. 3 Cianobactérias (à esquerda) e filamentos de cianobactérias do gênero I.yngbya (à direita).


Bactérias - características morfológicas e ecológicas e modo de vida

As bactérias são microrganismos de pequenas dimensões, oscilando entre 0,5 e 5 mícrons. sua forma é bastante variada, podendo ser esféricas - cocos, bastonetes (bacilos espiralados), espirilo - ou ainda em forma de vírgula - vibrião. Podem viver isoladas, mas, na maioria dos casos, estão agregadas duas a duas ou sob a forma de colônias.

Segundo a quantidade e a disposição, as bactérias do tipo cocos são classificadas em:
  • diplococos - colônia de dois cocos;
  • tétrade - colônia de quatro cocos;
  • sarcina - colônia cúbica de oito ou mais cocos;
  • estreptococos - colônia de cocos em fileira;
  • pneumococos - colônia de dois cocos em forma de chama de vela;
  • estafilococos - colônia de cocos dispostos em cacho;
  • gonococos - colônia de dois cocos reniformes (em forma de rim).
Fig. 4 Tipos de bactérias.

De uma forma geral, as bactérias apresentam uma organização simples, o que faz delas excelentes modelos biológicos para estudos genéticos.

Quanto à reprodução, as bactérias reproduzem-se por divisão binária ou cissiparidade. Em certas bactérias, verifica-se um fenômeno de transmissão de material genético, um mecanismo que pode ser designado por conjugação.

Fig. 5 Divisão binária da célula bacteriana.
Algumas bactérias produzem esporos, que as tornam muito resistentes. Podem conservar-se por muitos séculos e suportar temperaturas extremas. As bactérias podem ser autotróficas (fotossintéticas ou quimiossintéticas), mas maioritariamente são saprófitas e decompõem matéria orgânica. Muitas poucas bactérias são parasitas; porém, devido às toxinas que possuem, podem ser patogênicas para animais e plantas. A peste, a cólera e o tifo são algumas das doenças causadas por bactérias.


Principais doenças bacterianas e suas patologias
  • Bastonetes tipo gram-negativo: Cólera
  • Bastonetes e cocos tipo gram-positivo e negativo: Paratifo, tétano.
  • Gram -positivas: Tuberculose, lepra.
  • Gram-negativo: Sífilis.
  • Gram-negativas: Febre de cinco dias transmitida por piolhos Tifo.

Cianobactérias - características morfológicas e ecológicas e modo de vida
Esta divisão compreende as algas azuis, organismos aflagelados, unicelulares ou coloniais cenobiais (congregação simples de seres unicelulares). São procariotas fotoautotróficos, realizando a fotossíntese com a ajuda da clorofila, carotenos-pigmento amarelo-eficobilinas (âcocianina - pigmento azul ou ficoeritrina - pigmento vermelho), o que lhes confere as cores verde-azulada, violeta, verde-azeitona ou preto. Estes pigmentos distinguem-nas das restantes bactérias fotossintéticas. Poucas espécies são heterotróficas. Este tipo de bactéria terá surgido na Terra há cerca de três mil milhões de anos, dominando completamente o processo de evolução biológica por mais de dois mil milhões de anos com enorme sucesso. As cianobactérias são maiores do que os restantes procariotas e não apresentam organelos locomotores.
Fig. 6 Cianobactérias, envolvidas por uma cápsula gelatinosa.

Importância dos MoneraHá diversos processos que nos permitem compreender a importância dos seres do Reino Monera. Em primeiro lugar, são veículos privilegiados de transmissão de doenças ao Homem, muitas das quais letais, tem um papel importante na contaminação de águas e na alteração e decomposição dos alimentos. Os Monera têm um papel positivo nos ecossistemas, já que as suas interacções químicas com o meio são tão variadas que desempenham uma actividade importante em todos os ciclos da biosfera.

A importância das bactérias no ciclo do azoto
Fig. 6 O papel das bactérias na fixação do azoto para a nutrição das plantas.
Todos os organismos vivos necessitam de azoto para a produção de proteínas e ácidos nucleicos, mas este só poderá entrar nas cadeias alimentares por via de fixação de azoto, mecanismo este exclusivo de certos seres procariotas, capazes de quebrar as ligações químicas existentes entre os átomos de azoto atmosférico.
Globalmente, as bactérias intervêm nas seguintes etapas:
  • fixação de azoto;
  • amonização;
  • nitrificação;
  • desnitrificação.

É de realçar a importância das bactérias fixadoras de azoto. Algumas destas bactérias são de vida livre, mas, na sua maioria, vivem cm simbiose com as raízes das plantas, como é o caso das bactérias do gênero Rhizobium, a bactéria mais utilizada na agricultura. As colônias destas bactérias vivem em nódulos, em perfeita simbiose com as raízes de plantas leguminosas (feijoeiro, tremoceiro, etc.) ou outras, como é o caso das urtigas e dos carvalhos, levando a um enriquecimento do solo com azoto.

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