Os conceitos de periodização e cronologia
História divide-se em períodos para facilitar o trabalho do historiador e do estudante, atendendo assim a uma necessidade didáctica fundamental. Assim, também à História de Moçambique é aplicada a periodização.
A periodização da História é a divisão artificial, que os historiadores estabeleceram, da História em épocas, períodos ou idades, para fins didácticos.
O interesse em efectuar esses "cortes" (ou "recortes") data de há muitos e longos anos e é tão antigo quanto a necessidade de registo da História. No entanto, vários historiadores em cada época ou cultura têm aplicado uma metodologia diferente de periodização da História.
É ao historiador que cabe periodizar a História, mediante as fontes históricas de que dispõe e dos critérios que utiliza. Por isso se diz que qualquer acto de periodização da História é relativo e artificial. Toda a periodização é passível de críticas porque constitui uma articulação artificial no processo histórico. Mas ela é indispensável para que o conhecimento histórico se torne inteligível.
É difícil definir um padrão único consensual de periodização. Sendo assim é admissível a existência de várias periodizações históricas ligadas a diferentes pontos de vista culturais, etnográficos e ideológicos.
A articulação político-genealógica constitui o método mais antigo de periodização empregue pelo Homem, onde na sua análise observa os limites dos reinados e das dinastias.
Na periodização clássica da História, existem quatro grandes períodos: a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea.
Idade Antiga
Inicia por volta do ano 4000 a. C. ou a.n.e., com a invenção da escrita e estende-se até à queda do Império Romano do Ocidente em 476 d. C. ou n.e.
Características
þ primeiras sociedades a utilizarem a escrita;
þ início da arte clássica, da Filosofia e demais ciências;
þ nascimento e queda das grandes civilizações grega e romana.
Idade Média
Vai desde 476 e estende-se até 1453, quando termina a Guerra dos Cem Anos e é tomada a cidade de Constantinopla pelos Turcos-Otomanos.
Características
þ também chamada época feudal ou Idade das Trevas;
þ forte sentimento de medo e insegurança;
þ perda de importância das ciências e saberes;
þ populações amuraIham-se;
þ sociedade de ordens: povo, nobreza e clero;
þ tem 3 periodizações internas: Alta Idade Média (séculos V ao X), Plena Idade Média (séculos XI e XII) e Baixa Idade Média (séculos XIII ao XV).
Idade Moderna
Vai desde 1453 até 1789, quando eclode a Revolução Francesa.
Características
þ início das expansões mercantis e comerciais;
þ época de furor pelas descobertas ultramarinas, pela novidade, pela ciência;
þ movimentos protestantes e de reforma católica;
þ despotismo esclarecido e monarquias absolutas;
þ questionamento da sociedade de ordens e da monarquia.
Idade Contemporânea
Inicia-se em 1789 e estende-se até os nossos dias.
Características
þ fim das sociedades de ordens e do Antigo Regime;
þ revoluções liberais tentam libertar-se das monarquias absolutistas;
þ era da industrialização do mundo e corrida às matérias-primas;
þ primeiras guerras imperialistas e disputa pelas colônias;
þ as nações unem-se em associações multinacionais;
þ época de extremos ideológicos: nazismo, socialismo, comunismo.
O conceito de cronologia
A palavra cronologia é derivada do grego chronosou cronos (tempo) e logos ou logia (ciência). Logo, a cronologia é a ciência do tempo. A cronologia pode ser uma classificação, lista ou tabela de acontecimentos ordenados no tempo.
A cronologia pode ser uma classificação, lista ou tabela de acontecimentos ordenados no tempo.
Cronologia dos Estados Marave
1580
Invasão Zimba (povos guerreiros e canibais) que impuseram pequenas linhagens Marave
1600
O clã Phiri dos Karonga funda os Estados Marave
1601
Gasti Rucere pede apoio aos portugueses devido à invasão Marave
1616
Aparecimento do nome Marave em vários relatos da época
A nossa existência está intimamente ligada ao tempo. As primeiras formas de contagem do tempo foram feitas pelos primeiros homens que habitaram a Terra, através da constante observação dos fenômenos naturais. Eles verificaram que podiam medir o tempo através da passagem do dia para a noite, das fases da Lua, da posição de outros astros, da variação das marés e da duração do crescimento das colheitas agrícolas.
Durante muitas décadas, o trabalho do historiador foi limitado ao uso do tempo cronológico. O importante na função do historiador era datar o tempo em dias, meses, anos, décadas e séculos, instituindo uma noção de tempo puramente cronológica.
Hoje em dia, a contagem do tempo não constitui a principal prioridade da História, embora seja importante. O tempo cronológico stricto sensu não interessa aos historiadores pois a sua passagem não determina as mudanças e acontecimentos (factos históricos).
Enquanto no tempo cronológico se trabalha com constantes e medidas exactas e proporcionais de tempo, a organização do tempo feita pela ciência histórica leva em consideração outros factores, os eventos, a conjuntura e a estrutura.
O tempo histórico e o tempo cronológico caracterizam-se por muitas diferenças, apesar de ambos serem importantes para o ser humano. Mesmo assim, o historiador utiliza a cronologia do tempo para organizar as narrativas que constrói.
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Fig.1 - Contagem de tempo – sucessão da lua |
O tempo cronológico pode ser organizado por referenciais diversos, o tempo histórico também pode mudar de acordo com a sociedade e os critérios que sejam relevantes para o investigador do passado.
