Introdução
O presente trabalho, aborda assuntos à respeito da cultura sena, que só foi possível graça uma enorme investigação e consulta bibliográfica que aborda sobre este povo, sendo difícil de encontrar mais velhos falantes desta língua mas foi possível.
A partir deste trabalho, pretende-se mostrar aquilo são os senas, especificamente no processo de casamento, na manifestação da sua cultura a quando comparada com os seus descendentes a maneira como estes encaram esta realidade.
PROCESSOS DE CASAMENTOS/MATRIMÓNIO
Lobolo
Em relação ao casamento, os senas são virilocais. Além disso, os sena gozam de endogamismo, a regra de casamento que obriga o indivíduo a escolher seu cônjuge dentro do mesmo grupo (local de parentes, de status, etnia etc.) ou outro grupo a que pertença.
Segundo Gouveia Osório, nos senas "phodzo" distingue-se as seguintes fases de casamentos:
- Luphato – declaração;
- Mphete – confirmação do ajuste e entrega de importância acordada;
- Malimbico – transição do namoro para o noivado oficial;
- Maxungudzo – pedido formal apresentado pelos pais do noivo, com oferendas de dinheiro, bebidas, panos, etc.;
- Gogodo – lamento ritualizado da mãe da noiva, feito perante o noivo, com o fim de lhe solicitar presentes;
- Sembwene – pagamento honorários devido às anciãs que ministram a noiva os ensinamentos tradicionais.
Quando se chega o tempo de escolher mulher para casar, o jovem dirige-se a um amigo, o Nhacubuzira e encarrega-o de procurar a rapariga escolhida e de a informar sobre as suas pretenções. A escolha recai numa rapariga que seja da sua raça, mas da familia diferente. Estes factos são ainda reminiscências do totenismo e a escolha "endogamismo".
No caso de ser correspondido dirige-se então a uma mulher que possa ser sua madrinha ou encarregada das "demarches" junto dos pais da futura noiva. Uma vez aceite o genro, é submetido a uma cerimónia de "pedir serviço", que é uma tradição que consiste em o noivo, servir os sogros por alguns anos. Hoje, a exigência dos pais da noiva compreende, duma maneira geral, a construção duma palhota, ou abertura de uma machamba.
Para os sena, no dia de casamento, dia em que a noiva vai deixar a casa paterna, as amigas e parentes vem despedir-se, trazendo-lhe presentes, que são os mais variados e conforme as posses de cada um oferecendo a mão , por sua vez, alguns cestos de cereais. Organiza-se, o cortejo que conduz a futura esposa à casa do marido. Quando chegam despedem-se desejando-lhe muitas felicidades.
Lá, a tia do noivo é que conduz a rapariga à sua palhota e, ali, despe-a e deita-a numa esteira sobre um lençol ou pano branco, onde fica à espera do marido que permanece numa palhota próxima. Depois o noivo vai na palhota onde se encontra a noiva para realizar o primeiro acto sexual. Findo o acto sexual, o noivo sai da palhota e junta-se ao grupo que festeja as suas bodas. Entretanto, a tia e outras mulheres vão verificar se consumou o acto e a noiva estava ou não virgem. Apoderam-se do despejo e saem da palhota em grande algazarra, mostrando o pano , como a forma de comunicar a todos que ela era pura.
Ficando a viver juntos, o marido que tratar a sua esposa com especial carinho podia ser obsequiado pelos sogros com oferta de uma segunda mulher geralmente irmã ou próxima parente da primeira. Este tipo de matrimónio, é designado por ximbire e é isento de mphete.
Ritos de iniciação masculino e feminino
Quando chega a puberdade, o filho sena escolhe o nome que mais lhe agrada, que duma maneira geral, é aquele que era conhecido seu avô paterno.
O rapaz atinge a sua maior idade e capacidade para procriar, depois de um exame previamente feito pelo tio mais velho, do tronco paterno, ao produto das suas seminações, necessárias a maturação para dar vida e gerar novos seres, reconhecendo este, pela cor que apresenta e pela consciência que oferece. Este aconselha, então o sobrinho a procurar a mulher que mais lhe convenha e agrade para se unir pelo casamento.
Os rapazes são ensinados para procurarem fruto de nome vungute. Corta-se em pedaço este fruto, ainda fixo na árvore, uma parte fica acrescer na árvore e deve controlar o crescimento enquanto que o pedaço cortado é introduzido na garrafa com água e vai se tomando até que o sexo tome o tananho do fruto e daí corta-se para não exagerar. Além desta árvore usam raizes de alguns arbustros de nome nhandhima fazem secar as raizes trituradas e as outras que não são trituras, são postas nas garrafas juntando com água para se tomar, este facto tem o nome de mizinha que é usado para dar potência sexual.
Os senas geralmente não se tatuam, não são sujeitos a iniciação sexual nem a circuncisão, o que não quer dizer que não a façam, por vezes. As raparigas são reconhecidas as suas capacidades procriadoras no inicio das primeiras menstruações.
As meninas também no momento da puberdade escolhe outro nome que normalmente é o da avô paterna.
São estas iniciadas na vida sexual. O "pungo" é um grupo de parentes casados e que ja tenham concebido, é que lhes ensina os segredos da vida sexual, modo de se encontrarem com os futuros maridos, instruindo-as também sobre actos de purificação e higiene a meter na vida de mulheres casadas e futuras mães.
Os hábitos de limpeza, entre mulheres, são notavéis durante as épocas menstruais e tomam banho várias vezes ao dia.
As mulheres senas, quando chegam à puberdade tatuam a parte superior das coxas e baixo-ventre, parte superior do tronco, membros superiores e face, como simples adorno. Nao exageram as tatuagens, que são feitas por pequenas incisões que podem ser coloridas pelo uso da casca da manga, colhida em verde, ou preta, proviniente de uma untura de carvao ou plantas queimadas.
As meninas são ensinadas pelas madrinhas contratadas pelos seus pais, a usarem frutos de uma planta "Mfuta" para puxar os crítores até tornar-se comprimido.
As tatuagens da parte superior do tronco só algumas vezes tem relevo. No entanto, o mesmo nao sucede com as da parte inferior do abdomen que representa relevo, consideravel. Usam ainda cintos de missanga com várias cores e enfeites, com fins de estimular erótico, o qual cai sobre o baixo-ventre.
Dança
Manyalala: uma das danças que as mulheres realizam no casamento, é educativa, cantam para ensinar o casal para que tenha respeito;
Makhurundzo: quando uma mulher casa e fica grávida de três meses, ela é submetida a este tipo de dança, para mostrar que verdadeiramente está naquele estado;
Conclusão
Chegado ao ponto final do presente trabalho, conclui que as sociedades antigas tiveram méritos, respeito e dignidade pela conservação das suas culturas, oferecendo aos jovens, a cada um e a toda comunidade um caminho para a nova vida. Reparando a vista viva, actualmente não há dignidade, respeito sobre as culturas dessa língua. Serve de fuga para outras culturas diferentes dos senas.
Porém, assinalou-se que foi com a língua Sena que os portugueses pioneiros, que se alastraram pelo rio Zambeze, se familiarizavam para se introduzirem depois da corte do Monomotapa.
No tocante do sistema jurídico dos Senas, deslinda-se que estes, julgam os indivíduos duma guisa antagónica e porquê não na dos outros, mas referencia-se que o uso do mwavi é o principal foco do interesse dos senas, sobretudo em prol do julgamento.
Referências bibliográficas
FERREIRA, A. Rita, Povos de Moçambique. História e cultura, edições afrontamento/Porto.
MEQUE, Domingos, Apontamentos da cultura do povo sena, Moçambique.