Teoria de Aprendizagem Social
Segundo Bandura citado por Mwamwenda, (2005:179) o indivíduo, na interacção com out as pessoas, aprende através da observação e da percepção de outras pessoas imitando o seu comportamento. Trata se da aprendizagem por imitação. Por imitação entende-se a cópia de acções de outras pessoas de forma intencional (Cabral e Nick, 1997: 181). É deste modo que a criança reproduz gestos, acções, manifestações verbais, movimentos e modos de vestir das pessoas que a rodeiam. Quando os comportamentos imitados são reforçados positivamente tendem a manter-se, enquanto que aquelas acções e gestos que são reforçados negativamente tendem a desaparecer.
Segundo Bruner e Zeltner (1994:23), a aprendizagem por imitação também pode ter lugar sem reforço directo em determinadas condições, como por exemplo, quando o observador tem disposição de assumir o comportamento ou a pessoa observada tem grande prestígio.
Segundo o que foi já exposto, o indivíduo aprende comportamentos de pessoas que a rodeiam que são ou não reforçados. Note-se que a aprendizagem pode realizar-se através da cópia do comportamento da pessoa modelo. Trata-se aqui da aprendizagem por modelagem. O modelo poderá ser o pai, a mãe, o irmão, a irmã, o professor, a professora, o amigo, a amiga, o artista, o atleta, o político, o religioso entre outros.
É importante salientar que a observação do reforço positivo do comportamento de outra pessoa, através do elogio, prémio pode conduzir à aprendizagem de tais comportamentos.
A participação dos alunos numa sessão de distribuição de prémios aos alunos que estão no quadro de honra e que se destacam nos seus comportamentos, tais como pontualidade, realização de deveres de casa, curiosidade de aprender, procura de esclarecimento de dúvidas, repetição da matéria em casa pode contribuir para que adoptem tais comportamentos.
Esta aprendizagem que resulta da observação do reforço de comportamentos de outras pessoas também se designa de aprendizagem por reforço vicariante.
A imitação e a modelagem são mecanismos fundamentais de aprendizagem de comportamentos que os educadores, os pais, os professores devem considerar no processo educativo e, em particular, no processo de ensino-aprendizagem.
Os educadores, os pais, os professores, devem reforçar positivamente os comportamentos reproduzidos que sejam socialmente aceites.
Eles devem ter comportamentos modelos para seus educandos, nos seus gestos, acções, expressões verbais, vestuário, atitudes.
Pode-se concluir que a teoria de aprendizagem social se baseia nas percepções de outras pessoas, isto é, nos processos cognitivos e reforço de comportamentos reproduzidos.
Conceito de Teoria da Aprendizagem Social
A teoria da aprendizagem social ou teoria sociocognitiva, desenvolvida por Albert Bandura, postula que a aprendizagem pode ocorrer por meio de experiências vicariantes, isto é, através de experiências de observação do comportamento de outros indivíduos e das recompensas que estes recebem. A aprendizagem por observação centra-se na modelagem, que consiste na construção de uma representação mental do objecto de aprendizagem (o que se pretende aprender e como; e.g. aprender a cumprimentar alguém), integrando-o e agindo com base no modelo observado (e.g. outro significativo, como os pais, pares, colegas). São diversos os processos cognitivos que medeiam a modelagem e que fazem desta um processo complexo ao invés de uma imitação ou reprodução exacta do observado. Deste modo, estão presentes os seguintes processos: a atenção, na selecção daqueles que são os modelos e comportamentos face aos quais o indivíduo está receptivo, revelando-se preferenciais os modelos dos contextos habituais da vida do indivíduo (e.g. familiar, escolar, laboral), ou outros percebidos pelo próprio como relevantes ou atraentes (e.g. personagens admiradas; pessoas publicamente importantes); a representação e memória, enquanto processo fulcral que possibilita a transição de um processo de atenção e observação para uma resposta comportamental de acção, significando que sem a representação não existe codificação, transformação e integração da informação recolhida; a produção ou resposta comportamental, que consiste justamente no comportamento aprendido agido, isto é, a manifestação do comportamento aprendido, associado à auto-observação e auto-avaliação; e a motivação, enquanto processo facilitador ou constrangedor da acção, na medida em que a observação por si só não se repercute em produção comportamental, é necessário que o indivíduo esteja motivado para aprender e agir a aprendizagem. A relevância da motivação relaciona-se ainda com o conceito de agência, a capacidade do indivíduo exercer controlo sobre si, mais concretamente, ao nível da sua auto-regulação e tomada de decisão, possibilitando assim a gestão das próprias motivações e acções em prol da aquisição de resultados desejados. Neste âmbito, a auto-eficácia, enquanto crença do indivíduo na sua capacidade de realização de uma tarefa, afigura-se essencial na motivação e acção que apresenta num processo de aprendizagem, inclusivamente num processo de aprendizagem através da modelagem. A observação de modelos que facilitem a identificação do indivíduo, isto é, outros semelhantes em características ou dificuldades (e.g. pessoas no mesmo estádio de vida; pessoas com um medo semelhante; pessoas com objectivos semelhantes) contribui para a modelagem social e para a promoção da auto-eficácia, isto é, a observação do sucesso de um outro indivíduo, percebido como semelhante, revela-se influente na eficácia que o indivíduo percebe em si mesmo na realização da mesma tarefa, aumentando a probabilidade da sua realização (reforço vicariante – reforço pela observação do modelo). O inverso, por sua vez, tende a verificar-se, isto é, em situação de insucesso de um outro indivíduo semelhante, o indivíduo pode sentir-se desmotivado a realizar a mesma tarefa. Também a persuasão social contribui para explicar a aprendizagem social bem como a auto-eficácia percebida, verificando-se que as orientações e/ou críticas de terceiros tendem a promover ou diminuir a percepção de auto-eficácia consoante a autoridade e confiança que o próprio concede a estas pessoas. Contudo, enquanto agente de si mesmo, o indivíduo assume a capacidade de promover a sua auto-eficácia, sendo esta influenciada também pelas experiências directas, ou seja, que o próprio realiza, e pelo modo como se percebe a si mesmo, isto é, às actividades que considera ser capaz de desempenhar e para as quais considera que apresenta os recursos necessários. Assim, a aprendizagem ocorre tendo por base não só a influência de factores sociais e externos ao indivíduo, mas também de factores internos (cognitivos, emocionais) que, em conjunto, promovem a acção, mediada por processos de auto-regulação.
Bibliografia
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BRUNER e ZELTNER. Dicionário de Psicopedagogia e Psicologia Educacional. Petrópolis, Vozes, 1994.
CABRAL, A. e NICK, E.. Dicionário Técnico de Psicologia. São Paulo, Editora Cultrix, 1997.
MWAMWENDA, T. S. Psicologia Educacional: Uma Perspectiva Africana. Maputo, Texto Editores, 2005. págs. 187-190.
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OLIVEIRA, M. K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento: Um Processo Sócio-Histórico. São Paulo, Editora Scipione, 1993 págs. 55-65.
SPRINTHALL, N.A. e SPRINTHALL, R.C. Psicologia Educacional: Uma Abordagem Desenvolvimentista. Lisboa, McGraw-Hill, 1993, págs. 113-121.
