O estudo das
características do mercado do principal produto comercializado na Beira me
remeteu ao estudo do comércio da carne de frango na cidade, uma vez que cadeia
avícola moçambicana tem passado por muitas mudanças, principalmente devido ao
sistema de criação intensiva e à elevada dinâmica competitiva deste mercado.
Essas demandas requerem a compreensão do comportamento dos consumidores finais
para a obtenção de informações, que podem influenciar as ações ao longo de toda
a cadeia. No entanto, os hábitos de consumo apresentam características
distintas de uma região para outra. Neste sentido, o objetivo proposto pelo presente
trabalho é identificar as características do mercado e os atributos relevantes
da carne de frango na percepção dos consumidores da minha região – cidade da
Beira neste caso. Por meio de um levantamento hipotético e com alguns dados do
Instituto Nacional de estatística. Os dados indicam, entre outros aspectos, que
a carne de frango é a segunda na ordem de preferência destes consumidores e que
há uma tendência pela compra de produtos com qualidade e não apenas de acordo
com o preço do produto. A relação entre a renda familiar e o principal atributo
relevante no momento da compra da carne de frango, revelou-se como um aspecto
importante.
Objectivos
ü
Compreender a as características do mercado;
ü
Saber identificar a importância de um produto no mercado;
ü
Identificar as características que colocam o produto no topo da lista
dos consumidores e comerciantes.
Características do mercado do comercio de
carne de frango na cidade da Beira
Aspectos econômicos
da cadeia avícola em Moçambique, cidade da Beira Perspectivas do consumo de
carnes no mundo até 2050, apresentadas durante a Reunião de Especialistas de
Alto Nível da FAO, com o tema “Como alimentar o mundo em 2050”, demonstram um
crescimento significativo no consumo de carnes em países em desenvolvimento,
passando de 26,7 Kg nos anos de 1999/2000 para 44 Kg em 2050, e nos países
desenvolvidos, de 75 a 95 Kg, no mesmo período (ALEXANDRATOS, 2009).
Em Moçambique, apenas
o consumo de carne de frango em 2012 foi de 47,38 Kg por pessoa (INAE, 2012).
As projeções do Ministério da Agricultura, para o período de 2018/19 a 2021/22,
demonstram uma taxa de 2,7% de crescimento ao ano para o consumo de carne de
frango do mercado moçambicano. A taxa de crescimento para a produção desta
carne é estimada em 4,2% ao ano, devido às perspectivas de aumento das
exportações.
A produção de carne
de frango em Moçambique tem aumentado gradativamente nos últimos anos, em 2011
alcançou a marca de 7,5 milhões de toneladas.
Ademais, o sector
aviário é um setor que recebe muitos investimentos em pesquisas, possibilitando
o melhoramento de linhagens e insumos; e em modernização do sistema produtivo,
através de investimentos em automatização e produção integrada, ações que tem
aumentado a sua competitividade no mercado nacional assim como internacional.
Não obstante, a
avicultura na cidade da Beira é caracterizada pelo consumo uma vez que muito da
cerne de frango não é proveniente da cidade da Beira.
Na cidade de Chimoio,
e os municípios vizinhos, são responsáveis pela maior parte da produção de
frangos de corte. Manica, em 2017, apresentava um efetivo de 2,2 milhões de
galos, frangas, frangos e pintos, representando o segundo maior efetivo de aves
do estado.
O município de Chimoio
situa-se na região centro do pais. Na região deste município encontra-se a
maior concentração de rebanho de aves do estado assim como gado, de acordo com
os dados do Instituto Nacional de Estatística - INAE (2018).
Para uma melhor
compreensão das características dos consumidores beirenses, a seguir é traçado
um breve perfil socioeconômico do município da cidade da Beira.
Perfil Socioeconômico da cidade da Beira
O município da cidade
da Beira possuía uma população 431.583 habitantes de acordo com o Censo
realizado em 2007.
A cidade vive do
comércio e dos serviços logísticos do porto da Beira, que movimenta carga geral
(carga solta/não contentorizada), mas também existe um terminal de contentores.
Na maré alta, o canal de navegação tem apenas 6,20 - 7,40 m de profundidade. A
cidade está na origem de dois corredores de transporte, formadores do Corredor
da Beira: o primeiro liga ao Zimbabué, por via rodoviária e ferroviária e
facilita o acesso do interior do continente ao litoral como, por exemplo, de
Lusaca, capital da Zâmbia, país sem acesso directo ao mar, e; o segundo
corredor liga ao Maláui e Zâmbia, sendo principalmente rodo-ferroviário. Depois
de atravessar o rio Zambeze, pela Ponte Dona Ana, a linha ferroviária toma dois
sentidos, sendo um ao noroeste rumo a Moatize, para servir as minas de carvão
locais, e outro à norte, para alcançar Blantyre. Pela Beira, saem açúcar,
tabaco, milho, algodão, fibra de pita agave, cromo, minério de ferro, cobre e
chumbo, carvão.
A economia deste
município representa a segunda maior arrecadação do país ou representava, e
caracteriza-se por um forte e amplo setor de serviços de comércio, serviços
portuários e algumas indústrias de pequeno e médio e grande porte. Dentre as
indústrias, destacam-se as indústrias de alimentos, frigoríficos e têxteis.
O município
destaca-se, também, por ser um polo universitário e de serviços de saúde,
abrigando diversas instituições entre públicas e privadas.
Neste contexto, de
economia dinâmica, a análise do mercado consumidor de determinados produtos é
fundamental.
Resultados e discussão
De acordo com a renda
familiar, a pesquisa bibliográfica apresentou o seguinte resultado: 30% da
população declararam ter rendimento familiar de até 1 salário mínimo; 20%
declararam na faixa de 1 a 3 salários mínimos; 33% declararam na faixa de 3 a 5
salários mínimos; e 17% declaram ter renda familiar acima de 5 salários
mínimos. Vê-se numa percentagem de larga escala que 10% das pessoas não
preferem consumir carne de frango. Observa-se que é um tipo de carne com pouca
rejeição – e apreciada como carne preferida por uma parcela bem significativa
dos consumidores beirenses (69%). No entanto, como preferida, a carne de frango
está bem abaixo da bovina, qual representa 21% da preferência dos cidadãos da
cidade.
Quando os
entrevistados foram indagados sobre qual a segunda opção em relação à
preferência, a carne de frango ocupa o primeiro lugar (46%), seguida pela
bovina (21%), pelo pescado (20%) e pela suína (14%).
Quanto à frequência
no consumo, a maior parte dos consumidores (53%) de carne de frango declarou
consumi-la de 1 a 2 vezes por semana e 25 % declararam consumi-la de 3 a 4
vezes por semana. Uma das motivações determinantes para este consumo habitual
é, além de apreciação deste tipo de carne, o fato de representar uma boa opção
para variar o cardápio, conforme 42,5 % dos entrevistados.
A opinião de que a
carne de frango é considerada saudável e nutritiva foi expressa por 40% dos
consumidores. Vale ressaltar, no momento em que os entrevistadores citavam como
possível motivação a opção “acho saudável e nutritiva”, várias pessoas
discordavam com esta assertiva, declarando a crença de que a carne de frango
possui hormônios, ou em outros casos, que esta carne é pouco nutritiva. As
opções apresentadas como possíveis motivações para consumir a carne de frango
foram apresentadas abaixo.
Possíveis motivações determinantes
para o consumo de carne de frango
Motivação | Nº de respostas | % (aprox.) |
Acho gostosa | 1026 | 51 |
Acho saudável e nutritiva | 799 | 40 |
Para variar o cardápio | 851 | 42,5 |
Por ser uma carne de | 237 | 12 |
Pela praticidade no | 312 | 15,5 |
Por ser uma opção barata | 332 | 16,5 |
Pela variedade de cortes | 225 | 11 |
Fonte: elaboração própria
Os consumidores em
sua maioria (87%), têm uma maior preferência em adquirir a carne de frango em
supermercados. Verificou-se que, quanto às características relevantes no
momento da compra, os consumidores são bastante criteriosos.
Consumidores preferem
o tamanho do frango como atributo importante, observaram que o frango quando
abatido muito pequeno, ou mesmo no caso da coxa em cortes, não é apropriado ao
consumo.
Importante ressaltar
que as famílias com renda mais baixas tem como principal atributo primário o
preço e optam por comprar os pedaços que frangos e não o frango no seu todo,
pois o mercado dá essa opção; em um nível intermediário, quanto à renda, o
principal atributo passa a ser a qualidade; e, conforme a renda da população
eleva-se o tipo de corte torna-se o atributo primário mais relevante.
Destaca-se também, o
fato de a carne de frango ser consumida mais frequentemente conforme a renda da
população aumenta, exceto para a frequência de consumo de 5 a 6 vezes por
semana, o que pode ser justificado pelo fato de famílias com rendas maiores
terem mais condições financeiras para variar o cardápio.

