Índice
1.1 Justificativa da escolha do tema
Capítulo II-Fundamentação teórica
2.2. O processo de aprendizagem
2.3. Os elementos do processo de ensino-aprendizagem
2.4. A relação professor-aluno
Capítulo IV-Apresentação e análise de dados
Capítulo V-Discussão de resultados
Capítulo VI-Considerações Finais
O presente trabalho
aborda temas relativos a cadeira de pedagogia Desportiva, e visa detalhar de
maneira clara e objectiva os temas aqui em análise. Tendo em conta a prática
massiva de actividade desportiva, importa referir que participação dos jovens
no desporto potência o seu desenvolvimento pessoal e social, para além de
fomentar a capacidade de aprender formas adaptadas de competir e cooperar com
outras pessoas. Através da prática desportiva podem aprender a correr riscos, a
ter comprometimento pessoal e auto controle e também a lidar com o sucesso e
com o fracasso (Mesquita, 2004). Entretanto, a participação por si só, não
significa que tais propósitos sejam alcançados. O fator mais importante na
realização destes propósitos relaciona-se com a maneira como a aprendizagem é
estruturada e supervisionada pelos adultos (Smith & Smoll, 1997). Nota-se
desta forma, que o desporto permite muito mais do que, simplesmente, a
aquisição de habilidades, sendo, sobretudo uma ferramenta muito útil no
processo de formação pessoal e social de crianças e jovens.
Nesse contexto, Smith
& Smoll (1984) referem que apesar da importância incontestável dos
treinadores no desenvolvimento de competências motoras, a sua influência nos
jovens pode se estender para outras áreas de intervenção. De fato, dentro do
ambiente de prática desportiva de crianças e jovens, os treinadores influenciam
fortemente a natureza e a qualidade das experiências desportivas. Os objetivos
que eles promovem, as atitudes e valores que transmitem e a natureza de suas
interações com os atletas podem notadamente influenciar os efeitos da
participação desportiva (Smith, Smoll & Cumming, 2007)
No quesito papel do
professor de educação físico no processo de ensino, Conforme Gallahue (1996) o
professor tem a responsabilidade de auxiliar os alunos a adquirir habilidades
motoras, melhorar a aptidão física, aumentar os aprendizados cognitivos e
afetivos, sendo fundamental a criação de uma atmosfera positiva no processo de
ensino-aprendizagem.
Uma forma de
intervenção bastante presente no ambiente desportivo, diz respeito à atitude
dos treinadores em relação ao erro dos seus atletas. Mesquita (2004) coloca
que, para o aluno ser capaz de examinar sua aprendizagem e procurar fundamentos
que expliquem o erro que cometeu, é necessário que ele se aperceba que não foi
ele que errou, mas sim a ação que realizou; dando-se assim, um carácter mais
construtivista ao erro no processo de ensino-aprendizagem.
Pedagogia no âmbito da
Educação física Escolar e no Treino desportivo
Apesar da ideia muito comum de que "ensinar um desporto"
é apenas ensinar a praticá-lo, já existe a compreensão e a necessidade de que a
teoria/prática esportiva, enquanto parte do conteúdo a ser ensinado na escola,
deve ser mediada por uma teoria pedagógica crítica, reconhecendo o desporto
como um fenômeno socialmente produzido.
O universo acadêmico contemporâneo tem sido permeado
pelo discurso da inovação ou da criatividade permanente. Trata-se de um debate
bastante abrangente e controverso. Abrangente porque atravessa inúmeros campos
do conhecimento, desde as ciências naturais até as ciências humanas.
Considerando essa “breve história” do conceito e
assumindo essa definição de Lucarelli (2003), é possível atribuir ao conhecido
“movimento renovador” da Educação Física, a partir dos anos 1980, um esforço
original no sentido de incentivar inovações nas práticas pedagógicas na
perspectiva de promover uma “ruptura paradigmática” no que se refere à sua
tradição. Nessa época, segundo Silva e Bracht (2012), a intenção de mudança da
prática pedagógica adquiriu um caráter mais imediatamente político. Ou seja, o
critério central para julgar a inovação era sua contribuição para a
transformação (ou não) da sociedade capitalista.
Kunz (1991, p. 110) compartilha com essa perspectiva
de abordagem do desporto nas aulas de Educação Física escolar. Por isso aponta
o problema da expansão da exclusividade e do caráter de evidência e
inquestionabilidade que o fenômeno esportivo adquiriu no contexto escolar. Para
o autor, a escola reproduz nas aulas o modelo de desporto desprovido de
reflexão e tematização.
No entendimento de Kunz (2001), o Pensamento
Pedagógico Renovador da Educação Física e a produção científica decorrente dele
foram importantes para repensar a área, principalmente em função da preocupação
com as realizações concretas no campo escolar da Educação Física. Pode-se
constatar, porém, que ainda hoje poucos avanços aconteceram na efetiva prática
do ensino da Educação Física.
O autor supracitado destaca que a realidade escolar
tem mostrado que os professores de Educação Física encontram dificuldades em
modificar suas práticas pedagógicas no ensino do conteúdo Desportos, na
perspectiva de superar o paradigma da racionalidade instrumental, ou seja, há
um distanciamento entre as proposições críticas e a intervenção nas aulas de
Educação Física. Kunz (2001) reconhece, porém, que existem iniciativas
teóricas, práticas e interventoras que conseguem traduzir exemplarmente as
novas propostas do pensamento pedagógico em Educação Física de forma a
revolucionar sua prática.
São necessários, no entanto, ainda muitos avanços
teóricos e didático-pedagógicos que contribuam para compreendei* o desporto num
sentido muito além de meia prática, ou seja, como um fenômeno
sócio-histórico-cultural em que a Educação Física escolar produza a aquisição
de um saber fazei* e um saber sobre esse fazer do desporto.
Entende-se que o debate acerca da compreensão do
tratamento dado ao conteúdo Desportos na Educação Física escolar ainda encontra
algumas razões que merecem atenção, como: 1º ) o desporto foi e continua sendo
uma expressão muito presente da cultura corporal de movimento no mundo
contemporâneo; 2º ) o desporto é um dos conteúdos predominantes no ensino da
Educação Física escolar; 3º ) o sistema esportivo reconhece a escola como uma
instância fomentadora de valores sociais, de significados e sentidos intra e
interpessoal na elaboração de hábitos, ou seja, do desporto como um princípio
educativo. A escola é o lugar do ensino formal, que tem a função
social/cultural e a responsabilidade educativa de contextualizar, problematizar
e sistematizar os conhecimentos, ou seja, é nela, enquanto espaço educativo,
que o conhecimento produzido pelo homem é pedagogizado e tratado
metodologicamente para que o aluno venha a apreendê-lo.
Para Fensterseifer (2006, p. 152), a escola é um dos
espaços sociais que tem a tarefa de promover a educação humana. Nesse sentido,
a essência da educação escolar está no princípio de promover a educação no
intuito de que os sujeitos ultrapassem a dimensão do senso-comum em direção à
razão crítica; 4°) a escola ainda é, para determinada classe social, a
oportunidade ímpar de ter experiências singulares no universo dos desportos;
5°) as práticas culturais do desporto foram, ao longo do século passado, sendo
escolarizadas e, ao que parece, ainda se colocam como uma das expressões mais
presentes nas aulas de Educação Física escolar.
Para Bracht et al. (2003, p. 52), cristalizou-se um
imaginário social sobre a Educação Física, entendida basicamente como um espaço
e tempo escolar vinculados ao fenômeno esportivo: o desporto é o conteúdo
central tratado nas aulas pelos professores, e é a prática corporal citada e
valorizada pelos alunos.
É tarefa da Educação Física preparar o aluno para ser
um praticante lúcido e ativo, que incorpore o desporto e os demais componentes
da cultura corporal em sua vida, para deles tirar o melhor proveito possível.
Tal ato implica também compreender a organização institucional da cultura
corporal em nossa sociedade; é preciso prepará-lo para ser um consumidor do desporto-espetáculo,
para o que deve possuir uma visão crítica do sistema esportivo profissional. Que
contribuição à Educação Física pode dar para o melhor usufruto do desporto-
espetáculo veiculado pela televisão? Instrumentalizar o aluno para uma
apreciação estética e técnica, fornecer as informações políticas, históricas e
sociais para que ele possa analisar criticamente a violência, o doping, os
interesses políticos e econômicos no desporto. É preciso preparar o cidadão que
vai aderir aos programas de ginástica aeróbica, musculação, natação, etc., em
instituições públicas e privadas, para que possa avaliar a qualidade do que é
oferecido e identificar as práticas que melhor promovam sua saúde e bem-estar.
É preciso preparar o leitor/espectador para analisar criticamente as
informações que recebe dos meios de comunicação sobre a cultura corporal de movimento
(Betti, 1992).
Por isso, num processo de longo prazo, a Educação
Física deve levar o aluno a descobrir motivos e sentidos nas práticas
corporais, favorecer o desenvolvimento de atitudes positivas para com elas,
levar à aprendizagem de comportamentos adequados à sua prática, levar ao
conhecimento, compreensão e análise de seu intelecto os dados científicos e
filosóficos relacionados à cultura corporal de movimento, dirigir sua vontade e
sua emoção para a prática e a apreciação do corpo em movimento (Betti. 1992).
A Educação Física também propicia, como os outros
componentes curriculares, um certo tipo de conhecimento aos alunos. Mas não é
um conhecimento que se possa incorporar dissociado de uma vivência concreta. A
Educação Física não pode transformar-se num discurso sobre a cultura corporal
de movimento, sob pena de perder a riqueza de sua especificidade, mas deve
constituir-se como uma ação pedagógica com aquela cultura. Essa ação pedagógica
a que se propõe a Educação Física será sempre uma vivência impregnada da
corporeidade do sentir e do relacionar-se. A dimensão cognitiva far-se-á sempre
sobre esse substrato corporal. O professor de Educação Física deve auxiliar o
aluno a compreender o seu sentir e o seu relacionar-se na esfera da cultura
corporal de movimento.
Educação física escolar e
no treino desportivo: conceitos e principais diferenças
Conceitos de treino
desportivo
A origem da palavra desporto que significa regozijo,
ou seja, diversão, até os dias de hoje quase não mudou sua terminologia
(DARIDO,2005).
De acordo, com Betti (1991) o desporto é como uma ação
social institucionalizada, composta por regras, que se desenvolve com base
lúdica, em forma de competição entre dois ou mais oponentes ou contra a
natureza, cujo objetivo é, por meio de comparação de desempenhos, determinar o
vencedor ou registrador do recorde.
Em contra partida, Bracht (1989) refere-se ao desporto
como uma atividade corporal de movimento com caráter competitivo que surgiu no
âmbito da cultura europeia por volta do século XVIII e se expandiu por todos os
cantos do planeta, que, em seu desenvolvimento, assumiu as seguintes
características básicas: competição, rendimento físico-técnico, recordes, racionalização
e cientificização do treinamento.
Segundo Tubino (2000) o desporto pode ser classificado
em: desporto-educação, desporto-participação e desporto-performance.
·
O desporto-educação que
está focado na escola, tem por objetivo incluir todos os alunos na cultura pelo
movimento numa ação de manifestação social e o exercício da cidadania com a
visão crítica dos fatos, impedindo a competição exacerbada e a exclusão. O
professor que utiliza deste desporto-educação, procura proporcionar aos alunos
uma gama de modalidades distintas, deve encaminhar para a reflexão crítica dos
acontecimentos, não só dos desportos, mas de outros problemas que o rodeiam
(TUBINO, 2000).
·
O desporto-participação
que tem o objetivo do prazer lúdico, acontecendo em espaço sem obrigações do
dia a dia e o aproveitamento do tempo livre, oferecendo como propósito a
diversão, a descontração e a socialização. Este desporto-participação pode ser
praticado por todas as idades (crianças, adolescentes, adultos e idosos). É
frequente notamos pessoas praticando vôlei de praia, futebol, caminhada e
outras atividades nos finais de semanas ou no período ocioso dos compromissos
diários (TUBINO, 2000).
·
O desporto-performance,
ou seja, desporto de alto rendimento traz em si a procura de eficiência no
desempenho, a busca de vitória sobre os adversários, o emprego da tecnologia,
visando melhorar a performance esportiva e o uso dos laboratórios fisiológicos
para desenvolver pesquisa que aperfeiçoe a atuação física. (TUBINO, 2000).
As modalidades esportivas são vinculadas as
instituições (ligas, federações, confederações, comitês olímpicos) que
organizam as competições locais, nacionais ou internacionais e têm a função de
zelar pelo cumprimento das regras e dos códigos éticos (DARIDO, 2005).
Para Dantas (2003, p. 28), "[...] treino
desportivo é conjunto de procedimentos e meios utilizados para se conduzir um
atleta a sua plenitude física, técnica e psicológica dentro de um planejamento
racional, visando executar uma performance máxima num período
determinado".
A explicação de treinamento desportivo de Weineck
"[...] sugere a definição de ‘treinamento esportivo’ como sendo o processo
ativo complexo regular planificado e orientado para melhoria do aproveitamento
e desempenho esportivo" (CARL, apud WEINECK 1999, p. 10).
Reflexão sobre
treinamento desportivo
Segundo Perez (2000), entende-se por treinamento um
processo composto por várias etapas, que se inicia sempre da mais simples para
a mais complexa, até chegar à especialização, que visa à melhoria de algo,
sendo essa uma característica nata dos seres humanos.
O ato de treinar, que tem como sentido/significado
tornar apto ou adestrado, não se restringe somente aos atletas, mas também está
ligado a outros animais, nem está unicamente associado ao desporto, pois,
quando o objetivo é perda de peso por uma prática de atividade física, ocorre
um treinamento.
Aproveitamos para fazer analogias aos conceitos dos
autores supracitados, no que tange às questões de
"treinamento/adestramento" no processo educacional, não somente na
disciplina da Educação Física, mas de forma geral.
Diferença entre
Educação Física e Desporto
O Desporto e a Educação Física tiveram em diversos momentos
da história uma função ligada aos interesses políticos e estratégicos das
instituições sociais e dos Estados (SIGOLI, DE ROSE JR, 2004).
A Educação Física é a área de estudo da cultura
corporal do movimento, tendo como um dos seus conteúdos o desporto. Mas devido ao
grande reforço que os meios de comunicação, colocam sobre o “ desporto-
espetáculo”, tem se conceituado erroneamente como sendo sinônimo da Educação
Física (KUNZ,1994).
Segundo Castellani Filho (1993, p. 13) considerar o desporto
como sendo conteúdo da Educação Física Escolar, é reconhecer o desporto “ como
uma prática social, que é resultado de uma construção histórica que, dada a
significância com que marca a sua presença no mundo contemporâneo,
caracteriza-se como um dos seus mais relevantes fenômenos socioculturais, mais
este não é o único. Os jogos, as lutas, as ginásticas, as danças e o
conhecimento sobre o corpo, precisam ser abordados para garantir um ensino de
qualidade.
Souza (1993, p.14) garante que a influência do desporto
enquanto fetiche da mercadoria, na Educação Física Escolar, se manifesta de
três formas:
“a)
a ampliação do consumo de mercadoria desporto espetáculo e de outras mercadorias
paralelas; b) a ampliação das possibilidades de descoberta de valores (novos
esportistas) e por último, mas não menos importante, c) a propagação de valores
e normas de comportamentos relativos ao mundo das mercadorias”.
Por outro lado, a Educação Física na escola é
legitimada através do currículo oficial das instituições educacionais, como
sendo uma prática social dependente de argumentos plausíveis que a reconheçam
com uma prática justa e equânime. Tal legitimidade só se faz possível diante de
um regime democrático que parta do consenso popular, extraído através do debate
político (BRACHT, 1992).