As correntes pedagógicas e suas características

Tendo em conta os aspectos assinalados como tendo um nível de predominância entre "elevado" e "muito elevado", use o método "tomar uma posição" para avaliar a contribuição destes aspectos na aprendizagem significativa [Observação: Se necessário, faça uma breve pesquisa bibliográfica sobre o sentido de aprendizagem significativa, de modo a ter elementos para a tomada de posição].

A reflexão que acabou de realizar permite-lhe compreender que os professores agem de maneiras variadas com os seus alunos. Há os que monopolizam toda a actividade na sala de aulas, mas existem também professores que agem no sentido de promover maior actividade dos alunos.

Este facto denota que os professores em causa usam abordagens pedagógicas baseadas em diferentes correntes pedagógicas. De facto, a literatura pedagógica aponta para a existência de várias correntes pedagógicas, sendo de destacar a corrente pedagógica tradicional e a corrente pedagógica moderna, as quais serão objecto de análise a seguir. E o conhecimento das correntes pedagógicas contribui para orientar o trabalho do professor, ajudando-o a estruturar todo o processo de ensino- aprendizagem de forma adequada ao contexto sócio- político.

 

A corrente pedagógica tradicional

A corrente pedagógica tradicional é caracterizada pela transmissão de conhecimentos com o uso frequente da exposição e exercícios repetitivos. Isto quer dizer que o centro da aula está na exposição do professor e tudo gira à volta desta exposição, partindo do princípio de que é suficiente escutar, ouvir o que os outros explicam para adquirir conhecimentos.

Contudo, dado que a pura transmissão oral não atinge o objectivo da aprendizagem, deve dizer-se que aprendemos verdadeiramente quando o novo conhecimento é de tal maneira integrado e incluído na experiência passada e presente que alterou o comportamento e transformou a percepção do mundo e dos outros.

Aprender é evoluir e não apenas acumulação de dados, de informações que permanecem bem catalogadas no cérebro, mas como exteriores à personalidade sem a tocarem nem a alterarem, dando lugar a que, em certos momentos, o contraste surja flagrante entre o pensamento e a acção.

Ora, para que aprender assim seja possível, é imprescindível "viver" o que se aprende, mergulhar na acção, quer seja exercida com as mãos, quer com o intelecto.

O que se observa é que a pedagogia tradicional, fixando-se no método expositivo, permanece enraizada na sua génese, no antes da escrita, onde os conhecimentos transmitiam-se de geração em geração por via oral. E, hoje em dia, a exposição do professor pode ainda ser apoiada por meio de ilustração e de demonstrações, mas permanecendo sempre uma maior actividade visível do professor.

Uma outra característica da pedagogia tradicional é a separação entre o"pensamento" e a "acção". A ideia é que os alunos aprendam, primeiro, a teoria, esperando que depois a possam aplicar. Por isso, hoje em dia, é à volta do problema de integração da acção e do pensamento que gira a revolução pedagógica. E um dos aspectos fundamentais da pedagogia moderna é o da revalorização da acção: ou seja, do jogo dialéctico acção-pensamento, pensamento-acção, que conduzirá à educação integral do homem.

Do ponto de vista psicológico, a pedagogia tradicional:

  • Considera à vontade, uma força que existiria independentemente dos outros elementos da vida mental. Tudo aconteceria como o individuo quisesse, e como se este querer fosse um absoluto desligado do condicionamento da vida e da história do indivíduo
  • Implica a concepção da existência de uma separação rígida entre os diferentes aspectos da vida mental e, assim, a afectividade, a acção e o pensamento seriam âmbitos bem definidos e bem distintos uns dos outros, sem inter-relações recíprocas. Mas como se sabe, a Psicologia explica que o pensamento e a acção podem ser completamente inibidos, perturbados por acidentes da vida afectiva e, inversamente, a acção e o pensamento podem influenciar a afectividade;
  • A pedagogia tradicional funciona como se a vida mental obedecesse a um processo psíquico logicamente encadeado. Tudo se passa como se: se pudessse prestar sempre atenção no momento desejado; se ouvisse, a memória registasse, se compreendesse; e se fosse logo capaz de exprimir por palavras próprias, mas correctamente o pensamento alheio, que ficaria em nós integrado. E, assim, o professor, detentor do saber, expõe e, porque expõe e se expõe bem, deve ser compreendido. Do aluno exige-se que escute, passivo, porque toda a aprendizagem dependerá do seu querer aprender inicial.

 

Nestes termos, a pedagogia tradicional, além da exposição magistral, privilegia a lição decorada, porque se atribui à memória um papel preponderante, como se o fixar uma ideia implicasse a sua compreensão e, como meios de controle, os questionamentos, os exames e os exercícios. Quer dizer, o professor expõe e, em seguida, controla o grau de reprodução da sua exposição pelos alunos. O aluno toma notas ou estuda no manual escolar a lição que o professor acaba de expor, depois responde a perguntas orais ou escritas para provar que aprendeu ou que não aprendeu, conforme a sua exposição se aproxima ou se afasta da do mestre ou do livro.

No geral, diríamos que o professor tem o papel mais dominante, agindo como detentor de conhecimentos. O professor fala e o aluno ouve e aprende, assumindo um papel passivo, receptivo e obediente. Esta concepção de ensino predominou até finais do séc. XIX, um período que se caracterizou por um sistema hierárquico, autoritário e conservador.

Por isso, a organização da sala de aulas é, normalmente, feita de maneira que o professor está esteja posicionado de frente aos alunos para os quais dirige a palavra simultaneamente, esperando que todos os alunos estejam atentos. O professor dialoga pouco com os alunos e não cria espaços de participação. Mesmo quando organiza a turma em grupos, não realiza actividades com seus alunos de forma interactiva e motivadora.

Neste modelo de ensino, os alunos sentam-se uns atrás dos outros, virados para a posição do professor, o sujeito que transmite e distribui o saber e a oportunidade de cada um dos alunos pronunciar-se.

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