A Psicopedagogia desempenha um papel relevante na prática docente, porque:
- É base para a organização lógica e racional das actividades do professor e dos alunos.
Na planificação de qualquer conteúdo, é necessário partir do simples para o complexo. Por exemplo, para o ensino da escrita e do cálculo iniciais, começa-se pela motricidade fina, que consiste em cobrir tracejados, para treinar a destreza e a coordenação motora das crianças. A intervenção do professor no apoio à criança neste processo é fundamental.
- É o meio através do qual o professor desenvolve competências para a planificação de aulas, de acordo com as condições concretas, dos conteúdos e dos objectivos da aprendizagem.
A aula é conduzida em função das condições concretas existentes na escola (contexto cultural, regional, tempo, recursos de aprendizagem, número de alunos, tipo de turma, etc.). Por exemplo: quando se planifica na zona rural uma aula sobre frutas, o melhor exemplo a dar deve ser de acordo com a fruta que exista nessa zona.
- É a base para a compreensão sistemática dos alunos pelos professores.
Uma das matérias estudadas na Psicopedagogia é o desenvolvimento do processo de aprendizagem do indivíduo. Com este conhecimento, o professor deve ser capaz de adequar os conteúdos de aprendizagem ao nível do desenvolvimento cognitivo, afectivo e psicomotor do aluno. Neste contexto, a Psicopedagogia deve ajudar também os professores a compreender melhor as diferenças no desenvolvimento (cognitivo, emocional, comportamental e social) das alunas e dos alunos.
Assim, na primeira e segunda classes não se deve usar, com maior frequência, conceitos abstractos como o ar, sem dar exemplo das suas manifestações para facilitar a compreensão. Mas já na a partir da terceira classe é possível explicar alguns conceitos abstractos, porque o nível de desenvolvimento cognitivo do aluno está preparado para conteúdos que exijam abstracção.
- É fundamental para o esclarecimento das dificuldades de aprendizagem que não têm como causa, apenas, deficiências do aluno, mas que são consequência de problemas escolares.
Os alunos apresentam, naturalmente, sucessos e/ou insucessos na aprendizagem. As causas desse desempenho podem ser do próprio aluno, do professor ou do meio onde a aprendizagem ocorre. Cabe ao professor e à Direcção da escola, em cooperação com os pais e encarregados de educação, desenvolver acções que contribuam para a prevenção, remediação e superação das dificuldades de aprendizagem que possam ocorrer com um aluno ou grupo de alunos e, sempre que necessário, envolver uma equipa multidisciplinar. Estas actividades podem ser realizadas na concentração, na sala de aulas, nas reuniões com os pais e encarregados de educação, nas visitas às casas dos alunos, ao nível do Conselho dae Escola, bem como nos debates entre professores.
- É relevante para a análise de factores que favorecem ou prejudicam a aprendizagem numa instituição.
É necessário conhecer os aspectos psicológicos que interferem no processo de aprendizagem, nomeadamente: a atenção; a memória;, o pensamento; a percepcão; as sensações; os sentimentos; a linguagem; o carácter; a motivação, entre outros. Estes aspectos são determinantes no processo de aprendizagem e, assim, o professor deve reconhecer os pressupostos necessários para que todos os alunos desenvolvam o seu potencial máximo de aprendizagem.
- É a base para auxiliar o professor no desenvolvimento de projectos favoráveis às mudanças educacionais, visando evitar dificuldades de aprendizagem.
O aluno é parte integrante da escola. Assim sendo, deve ser envolvido nas actividades da escola, tais como, a higiene escolar, a produção escolar, as actividades desportivas e culturais, de modo a aliar a teoria e a prática, mas também como forma de o ajudar a desenvolver actividades que concorram para o seu bem- estar, evitando comportamentos desajustados. Neste contexto, o papel do professor é o de reconher da relevância que este tipo de ocupação tem para o desenvolvimento da personalidade do aluno.
- O professor será capaz de promover o desenvolvimento psicomotor e social da criança.
O professor tem como papel principal criar e estimular um ambiente educativo. O ensino tem de se processar através da coordenação e acompanhamento das informações (conteúdos), devendo fornecer os contextos e o conhecimento base que promovam uma verdadeira autonomia. Assim, é necessário que o ensino seja orientado à resolução de problemas, que exijam experimentação, para que a aprendizagem seja realmente significativa.