Periodização do treinamento desportivo

 Índice



Capítulo
I- Introdução



Capítulo II – Fundamentação teórica. 5



2.1 Periodização do treinamento desportivo. 5



2.1.1 Estrutura de preparação do atleta. 5



2.2 A Concepção de Lev Pavlovich Matveev. 7



2.2.1 Microciclos. 8



2.2.2 Mesociclos. 9



2.2.3 Macrociclos. 10



2.3 Plano de treino. 11



2.4 Importância da planificação no
desporto
. 11



2.5 Componentes da Preparação sica
geral e especial
12



2.6 Componentes do período pré-competitivo e competitivo. 12



2.7 Componentes do período transitório. 12



2.8 Métodos de treinos e suas caracterizações. 13



2.8.1 O modelo pendular (Arosiev, 1971) 13



2.8.2 Modelo de Tschiene (1985) 13



2.8.3 Modelo de treino por blocos (Verchoshanski, 1979) 14



2.8.4 Modelo de treino individualizado de Bondarchunk. 14



2.8.5 Modelo de periodização de Bompa. 14



Capítulo IV – Conclusões. 17



Referências bibliográficas. 18





 



Capítulo I-
Introdução



Os princípios do
treino iniciaram-se na sua forma mais rudimentar, na preparação de atletas para
os jogos olímpicos da era moderna em que a preparação já obedecia a alguma
planificação, com o objectivo de melhorar o rendimento dos atletas envolvidos
nas diversas modalidades e competições. A necessidade de planificar o treino
ganha novo sentido no início do século XIX com as novas considerações sobre a
organização do treino, ganhando especial importância o planeamento e a sua
periodização.



A partir da década de
60, o treino passou a ser planificado e periodizado, através de Matvéiev
considerado por muitos como o pai da periodização, mudando para sempre a forma
de potencializar o rendimento desportivo dos vários atletas.



Podemos assim afirmar
que, através de um planeamento eficiente, podemos eliminar o “azar” e a
improvisação (negativa), sistematizar e ordenar os objectivos, conteúdos e
actividades, evitar a perda de tempo e permitir adaptar o trabalho às
características do contexto previamente definido.



No âmbito do treino
desportivo, existem diferentes formas de definir planeamento. Villar (1985)
define-o como uma antecipação mental da actividade a realizar, projectando o
conteúdo, a forma e as condições da actividade. Nele se leva a cabo uma análise
prévia de todos aqueles factores objectivos e subjectivos, internos e externos,
que podem influir no resultado da tarefa proposta.



Na opinião de
Bañuelos (1983) o planeamento é o processo mediante o qual o treinador,
responsável de um projecto vê como será o futuro, procura e determina
alternativas e vias de acção que com maior probabilidade podem conduzir ao
êxito.



Matvéiev (1997)
afirma que a periodização possui como objectivo proporcionar ao atleta nas
competições a forma desportiva, que é o estado no qual o atleta está preparado
para a obtenção de resultados desportivos. Este fenómeno é composto por vários
aspectos, pelo aspecto físico, psicológico, técnico e táctico para obtenção dos
resultados, sendo somente com a existência de todos estes componentes possível à
afirmação que o atleta se encontra em forma.



O objetivo deste
trabalho é demonstrar dentro de uma revisão de literatura as diferentes
estruturas de periodização pedagógica do treinamento desportivo assim como uma
análise sumária sobre vários modelos de periodização convencionais.







 



Capítulo II – Fundamentação
teórica



2.1 Periodização do
treinamento desportivo



A periodização do
processo de treinamento desportivo consiste, antes de tudo, em criar um sistema
de planos para distintos períodos que perseguem um conjunto de objetivos
mutuamente vinculados.



O plano de
treinamento constitui um sério trabalho científico, que prevê perspectivas
possíveis a curto, médio e longo prazo.



A periodização do
treinamento não é uma parte isolada do todo, ou seja, o planejamento do treino,
mas, sim, uma fase do processo de elaboração do planejamento e procura
responder à necessidade de unir todas as variáveis, o que envolve um programa
de preparação dos atletas.



Na programação do
treinamento, na prática, as decisões são tomadas com base em uma premissa
lógica. Isso quer dizer que, quando se tem uma tarefa qualquer, concreta e
determinada quantitativamente, deve-se perguntar o que é necessário realizar na
prática e de que forma solucionar a tarefa.




 



2.1.1 Estrutura de preparação do atleta



A estrutura de
preparação do atleta é compreendida pelas formas de sistematização do conteúdo
do treinamento, em que o conjunto de ligações entre os elementos do sistema de
treinamento devem assegurar sua integridade e orientação especial visando ao
resultado desportivo.



A estrutura de
preparação interessa-nos, antes de tudo, do ponto de vista de sua direção como
sistema. À direção dos sistemas dinâmicos complexos (dentre os quais estão os
sistemas de treinamento) ligam-se alguns níveis estruturais de organização. Ao
destacar esses níveis, no sistema de preparação do atleta, deve-se levar em
consideração que cada um deles deve manter a especificidade qualitativa do
sistema integral. Caso contrário, não se pode falar de sistema dirigido.



Ao destacar o nível
mais simples da organização do processo de preparação do atleta, seria
conveniente fazer uma analogia com a estrutura dos biossistemas, na qual, com
base em uma atitude cibernética geral, pode-se destacar os seguintes níveis de
organização biológica: estruturas moleculares subcelulares, célula, tecido,
órgão, sistema de órgãos e organismo.



A célula é um sistema
biológico elementar com todo o conjunto de propriedades do ser vivo; embora
composta, por sua vez, de estruturas moleculares, a célula já não pode ser
dividida em partes capazes de existir independentemente. A célula é uma unidade
do organismo e o nível estrutural mais simples de sua organização (Hohmann,
1993).



Tal abordagem permite
destacar os níveis estruturais do sistema de treinamento do atleta, no qual a
sessão de treinamento representa o nível mais simples de organização. Trata-se
do sistema pedagógico mais simples, que possui a especificidade qualitativa de
todo o processo de preparação do atleta. A sessão de treino é dotada de
propriedades que permitem o seu funcionamento orientado especial como um
sistema integral, que assegura a solução de tarefas de seu nível de direção do
processo de preparação do atleta. A sessão de treinamento já não pode ser
dividida em partes que possam funcionar separadamente. Juntamente com a sessão
de treino, a competição também deve ser considerada como um elemento específico
de preparação do atleta.



Na estrutura de
preparação do atleta, convém destacar sete níveis de organização:



·        
Resultado desportivo



·        
Sessão



·        
Microciclo



·        
Monociclo



·        
Microciclo



·        
Ciclo anual



·        
Ciclo olímpico



·        
Preparação a longo prazo.



 



Em cada um desses
níveis, a preparação do atleta visa à obtenção de objetivos específicos. Quanto
mais alto o nível, tanto mais significativo será o objetivo e menos
generalizadas as tarefas. Mas o principal objetivo resolve-se em nível
superior. Os objetivos e as tarefas dos níveis mais baixos têm papel auxiliar
em relação ao objetivo geral.



No processo de
preparação do atleta, um dos problemas mais complicados que o técnico deve
resolver está relacionado com a segurança do aperfeiçoamento consequente e
orientado de diversos aspectos dessa preparação. Sem estar apoiado em uma ideia
clara e sem levar em conta todos os seus níveis, não é possível dirigir
efetivamente esse processo: o treinamento não é capaz de sempre tomar conta de
toda a diversidade de componentes, de fatores e de condições que determinam o
aperfeiçoamento eficiente do nível desportivo.



 



Na época da criação
da teoria da periodização do treinamento desportivo as concepções a respeito do
processo de treinamento eram completamente diferentes. Por exemplo, Yakovlev
nos anos 50 recomendava a aplicação de uma nova carga de treinamento na fase de
supercompensação, ou seja, quando ocorre o consequente aumento das
possibilidades funcionais após as grandes cargas anteriores.



Na mesma época,
Folibort indicava que cada carga de treinamento seguinte não deveria ser
aplicada antes da recuperação completa. Tais concepções não consideravam a
possibilidade de treinar-se no fundo da recuperação incompleta, logo essas
posições eram orientadas na aplicação de grandes cargas de treinamento uma
única vez a cada 4-7 dias. L. P. Matveev fundamentou uma concepção, que acabou
com a contradição entre os postulados teóricos e as exigências da prática
esportiva através da alternância e combinação racional das cargas nos
microciclos.



Essa ideia surgiu
devido ao fato de que a opressão sobre as possibilidades físicas do atleta como
resultado de uma determinada orientação de carga ainda não significava que o
atleta não estava em condições de manifestar grande capacidade de trabalho em
outra orientação de carga (efeito heterocrônico).



Tal abordagem
permitiu aos atletas treinar diariamente mais de uma vez sem nenhum indício de
qualquer efeito de “sobre treinamento" (Vovk, 2007). Graças a tudo isso o
trabalho de Matveev trouxe uma revolução no sistema de preparação de atletas e
os atletas do leste europeu apresentavam uma vasta vantagem sobre os atletas
ocidentais.



 



2.2 A Concepção de
Lev Pavlovich Matveev



Matveev ao
fundamentar sua concepção destacou três estruturas fundamentais do processo de
treinamento - macro, meso e microestrutura. Tais estruturas de treinamento
caracterizam a correlação dos elementos pelo conteúdo e ordem de alterações
dentro de sessões separadas, etapas, períodos ou ciclos.



1.     
Microestrutura - Essa é a estrutura das sessões de treinamento isoladas
e dos pequenos ciclos compostos de algumas sessões de treinamento
(microciclos).



2.     
Mesoestrutura - Estrutra de ciclos médios (mesociclos) que envolve
alguns microciclos.



3.     
Macroestrutura - Estrutura dos grandes ciclos de treinamento
(macrociclos) anuais, semestrais e quadrimestrais.



No nível das sessões
de treinamento é importante destacar que as mesmas são compostas de três partes
- preparatória, principal e final. Na parte principal são resolvidas as tarefas
planejadas para a sessão de treinamento.



Além disso, as
sessões de treinamento são classificadas e/ou diferenciadas em sessões
fundamentais e complementares pelo fato de muitas vezes o efeito da sessão
prindpal causar a necessidade de recuperação em um período de 48-72 horas,
devido a isso, as sessões complementares são planejadas nesse “fundo
recuperativo" com o intuito de acelerar a recuperação ou potencializar o
efeito das sessões fundamentais.



 



2.2.1 Microciclos



No nível dos
microciclos, geralmente se fala de um período de tempo entre 2-4 a 10-14 dias,
no entanto o mais comum é o microciclo durar 7 dias devido as demandas sociais
da vida do ser humano que levam em conta o calendário astronômico. Nesse caso o
microciclo considera a relação entre as sessões de treinamento no decorrer da
semana, ou seja, cada sessão é planejada de acordo com a tarefa do dia anterior
e do dia seguinte.



Nesse contexto, dentro
dessa estrutura podem ser observadas duas fases: a fase cumulativa e a fase
recuperativa. Isso ocorre porque de certa forma as cargas do microciclo formam
uma espécie de “onda", então, no início e meio do microciclo a carga de
treinamento tende a crescer, ao passo que no fim tende a diminuir. Por fim, os
microciclos são classificados de acordo com as tarefas a serem resolvidas como
descrito abaixo:



·        
Microciclos de treinamento (propriamente
ditos
): como o
próprio nome diz, esses microciclos são mais utilizados no período
preparatório, podem ter orientação geral ou especial dependendo da etapa e de
acordo com sua grandeza podem ser denominados como de choque ou ordinário.



·        
Microciclos modeladores: esse tipo de microciclo e mais utilizado
nos mesociclos que antecedem as competições. O objetivo é justamente modelar a
competição, ou seja, treina-se no mesmo horário, se reproduz as situações
competitivas e etc.



·        
Microciclos competitivos: esse tipo de microciclo está presente no
período competitivo (entre as competições) e tem uma tendência de utilizar
cargas recuperativas e de manutenção do nível de preparo com predomínio de
exercícios especiais e competitivos.



·        
Microciclos recuperativos: microciclos que tem volume de treinamento
diminuído com o objetivo de promover recuperação das cargas de treinamento de
microciclos anteriores. Geralmente esses microciclos encerram mesociclos.



 



2.2.2 Mesociclos



No nível dos
mesociclos é importante frisar que essa é uma estrutura que pode possuir entre
2-6 microciclos, no entanto na maioria dos casos sua duração é próxima de um
mês. Assim como nos microciclos, nos mesociclos é observada uma dinâmica de
cargas que forma uma onda, geralmente 2-3 microciclos de treinamento de carga
crescente - fase cumulativa (com o fim de promover as mudanças orgânicas
necessárias para a adaptação) e 1 microciclo de recuperação - fase recuperativa
(com o intuito de concretizar as mudanças estruturais adaptativas causadas pela
primeira fase do mesociclo).



De acordo com as
tarefas a serem resolvidas, os mesociclos são classificados em:



·        
Mesociclo de introdução: geralmente é o primeiro mesociclo do
macrociclo. É composto por 2-3 microciclo ordinários de preparação geral
seguido de um microciclo de recuperação.



·        
Mesociclo básico de treinamento: é o principal mesociclo do período
preparatório. Nesse mesociclo se resolvem as principais tarefas do treinamento
aumentando as possibilidades do organismo do atleta.



·        
Mesociclo preparatório de controle: é uma forma transitória entre os mesociclos
básicos e competitivos. O trabalho de treinamento é combinado com a
participação em competições que possuem significado de controle de treinamento
e são subordinadas à preparação para as competições principais.



·        
Mesociclo précompetitivo: a particularidade desse mesociclo é
determinada pela necessidade da máxima aproximação do regime das competições
para garantir a adaptação e criar condições ótimas para a realização total das
possibilidades do atleta nas competições importantes. É composto por
microciclos modeladores.



·        
Mesociclo competitivo: esse é o tipo fundamental de mesociclo no
período das competições fundamentais. Em dependência da quantidade e ordem de
distribuição das competições, o mesociclo competitivo pode mudar envolvendo
microciclos modeladores e de treinamento.



·        
Mesociclo preparatório recuperativo e
recuperativo de manutenção
: O primeiro, pelos seus indicadores é similar aos mesociclos básicos,
mas envolve uma quantidade aumentada de microciclos recuperativos. O segundo e
caracterizado por um regime de treinamento ainda mais leve com o efeito de
transição fracionado da forma.


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